Eficácia Econômica Potencial do Pagamento por Serviços Ambientais em uma área protegida no estado do Amazonas (Brasil)

Resumo

A implementação de pagamento por serviços ambientais (PSA) em áreas públicas protegidas levanta várias questões nos domínios econômico, social e ambiental. Neste artigo, analisamos o caso do Programa Bolsa Floresta (PBF) do Brasil, estabelecido nas Unidades de Conservação da Natureza do estado do Amazonas e considerado um dos maiores programas do mundo em termos de área de cobertura. Primeiro, verificamos se o programa realmente atende aos requisitos de um PSA típico: condicionalidade, adicionalidade e voluntariedade. Em segundo lugar, procuramos avaliar os dois requisitos principais para que um PSA tenha um bom desempenho: eficácia econômica e sustentabilidade ecológica. Estudando o caso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uatumã, determinamos que os pagamentos feitos não cobrem os custos de oportunidade dos prestadores-receptores, o que resulta na não prestação dos serviços ambientais contratados. A área total de floresta secundária (FS) disponível para ser incorporada em sucessivos ciclos de cultivo pode não ser grande o suficiente para permitir períodos de pousio de uma duração longa o suficiente para que a fertilidade do solo se recupere totalmente. A intensificação das atividades agrícolas em áreas de FS pode levar à degradação do sistema agrícola tradicional e a consequente perda dos serviços ecossistêmicos que esse sistema pode potencialmente fornecer. Em suma, esses impactos negativos indicam que, pelo menos na RDS do Uatumã, o PBF pode não ser efetivo a médio e longo prazo.
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Biografia do Autor

Henrique dos Santos Pereira

,
Universidade Federal do Amazonas
Doutor em Ecologia. Professor titular da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil).

Thaísa Rodrigues Lustosa de Camargo

,
Universidade Federal do Amazonas
Doutora em Ciências Ambientais pela da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil).

Suzy Cristina Pedroza da Silva

,
Universidade Federal do Amazonas
Doutora em Geociências Aplicadas pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Brasil). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam, Brasil).

Romero Gomes Pereira da Silva

,
Universidade de Brasília
Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB, Brasil). Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, Brasil).

Carlos Hiroo Saito

,
Universidade de Brasília
Doutor em Geografia pela Universidade Federal do rio de Janeiro (UFRJ, Brasil). Professor do programa de pós-graduação em Desenvolvimento sustentável da Universidade de Brasília (UnB, Brasil).

Ana Isabel Rosa Cabral

,
Universidade de Lisboa
Pesquisadora no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa (UL, Portugal).

Anne-Elisabeth Laques

,
Institut de Recherche pour le Développement
Doutora em Geografia pela Universite de Toulouse le Mirail (França) e Universidad de Los Andes (Venezuela). Pesquisadora do Institut de Recherche pour le Développement (França).
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