O Dito e Não-Dito: efeitos de sentido em placas de sinalização sobre a presença de indígenas

Resumo

Nosso objetivo é analisar o funcionamento discursivo de placas de sinalização a respeito da presença de indígenas nas rodovias RS 406 e RS 324. As placas de sinalização marcam-se como discursos e, como tal, apresentam efeitos de sentidos que podem naturalizar dizeres estereotipados e preconceituosos. Os pressupostos teóricos dos estudos do discurso, em especial de Pêcheux (1997), Bakhtin (2004) e Orlandi (1998) pautam nossas reflexões acerca da significação das palavras e sua materialidade linguística. Perceber os dizeres do cotidiano pelo viés da Análise de Discurso é encontrar campo de significação na não- transparência da língua e na relação do sujeito com a linguagem a partir da exterioridade, de elementos simbólicos, sociais, históricos e ideológicos, inscritos nas condições em que são (re)produzidos. A partir dessa significação, o reconhecimento de garantias mínimas da identidade indígena, resultado de diversas lutas, marca o direito ao território, lugar ainda hoje disputado e pelo qual se constroem novos discursos, instaurando novos sujeitos. É desse lugar de disputas que tratam as placas de sinalização analisadas. Nelas, emergem sentidos propagados pela reprodução do discurso do colonizador, cujos saberes constituem o imaginário social sobre os indígenas como sujeitos destituídos - racional e culturalmente - de condições de convivência autônoma, com necessidade de preservação.
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Biografia do Autor

Vejane Gaelzer

,
Instituto Federal Farroupilha
Doutora em Letras pela pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, Brasil). Professora do Instituto Federal Farroupilha (Brasil).

Raquel Ribeiro Moreira

,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, Brasil). Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Toledo, Brasil).
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