Conhecimento médico em trânsito: um estudo sobre o circuito germano-hispano-brasileiro (1920-1930)
Resumo Este artigo analisa as condições de possibilidade para a circulação transnacional do léxico constitucional, entre as décadas de 1920-1930, por meio do circuito germano-hispano-brasileiro. Para tal, o artigo examina, em primeiro lugar, a participação de livrarias e editoras espanholas nesta circulação; em segundo lugar, o intercâmbio entre agremiações de especialistas e periódicos médicos brasileiros e espanhóis; e, por fim, a circulação e apropriação de traduções de livros e tratados que articulavam o léxico constitucional. Evidencio que tais intercâmbios encorajaram os médicos brasileiros a utilizarem o idioma espanhol como ferramenta intermediária para a apropriação de conhecimento médico de matriz germânica, operando como uma zona de contato entre culturas linguísticas distintas. A análise da sua circulação entre praticantes dos referidos idiomas exemplifica o ir e vir de noções e conceitos para além de fronteiras nacionais. Tão importante quanto a apropriação do conteúdo do léxico constitucional, as traduções demonstram que os médicos brasileiros (sobretudo os psiquiatras) escolheram estrategicamente a forma como tal conteúdo circulou.
- Referencias
- Cómo citar
- Del mismo autor
- Métricas
Armas, O. V., & Gonzáles, A. R., & Boscà, J. V. M. (2008). José Mª Villaverde: retrato de un desconocido. Med. Hist., vol. 1, 1-15.
Beraldo, R. (2021). O espírito é a expressão do corpo”: holismo médico, constitucionalismo e psiquiatria no Brasil (1920-1940). Tese de doutorado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Campos, R., & De Pablo, Á. G. (Ed.). (2016). Psiquiatría e higiene mental durante el primer franquismo: rupturas y continuidades. Madri: La Catarata.
Cerqueira, E. C. B. (2014). A Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal: debates sobre ciência e assistência psiquiátrica (1907-1933). Dissertação de mestrado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Damousi, J., & Plotkin, M. (2009). The Transnational Unconscious. Essays in the History of Psychoanalysis and Transnationalism. Nova York: Palgrave Macmillan.
Dorella, P. R. (2006). Silvio Julio de Albuquerque Lima: um precursor dos estudos acadêmicos sobre a América Hispânica no Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Geris, Belo Horizonte, Minas Gerais, MG, Brasil.
Hippius, H., Möller, H.-J., Mïller, N. & Neundörfer-Kohl, G. (2008). The University Department of Psychiatry in Munich. Heidelberg: Springer Medizin Verlag.
Kemp, A., & Edler, F. C. (2004). A reforma médica no Brasil e nos Estados Unidos: uma comparação entre duas retóricas. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 11(3), 569-585.
Kendler, K. S., & Engstrom, E. J. (2018). Criticisms of Kraepelin’s Psychiatric Nosology: 1896–1927. American Journal of Psychiatry, 175(4), 316-326.
Kuhn, T. (2000). The road since structure: philosophical essays, 1970-1993. Chicago: The University of Chicago Press.
Lawrence, C., & Weisz, G. (1998). Greater Than Parts: Holism in Biomedicine, 1920-1950. Nova York: Oxford University Press.
Mathias, C. M. (2017). O Pavilhão de Observação na psiquiatria do Distrito Federal: a gestão de Henrique Roxo (1921-1945). Dissertação de mestrado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Mülberger, A. (2014). A primeira campanha de divulgação da psicologia de Emilio Mira y López. In A. M. Jacó-Vilela, & F. T. Portugal (Org). Clio-Psyché: instituições, história, psicologia. Rio de Janeiro: Outras Letras.
Mülberger, A., & Jacó-Vilela, A. M. (2007). Es mejor morir de pie que vivir de rodillas: Emilio Mira y López y la revolución social. Dynamis: Acta Hispanica ad Medicinae Scientiarumque Historiam Illustrandam, vol. 27, 309-332.
Muñoz, P. F. N. de. (2015). À luz do biológico: psiquiatria, neurologia e eugenia nas relações Brasil-Alemanha (1900-1942). Tese de doutorado Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Parajón, L., & Barrio, V. del. (1993). José Miguel Sacristán y la introducción de Kretschmer en España. Revista de Historia de la Psicología, 14(3-4), 213-224.
Patiniotis, M. (2013). Between the Local and the Global: History of Science in the European Periphery Meets Post-Colonial Studies. Centaurus, 55, 361-384.
Pratt, M. L. (1999). Os Olhos do Império. Relatos de viagem e transculturação. Bauru: EDUSC.
Raj, K. (2013). Beyond Postcolonialism… and Postpositivism: Circulation and the Global History of Science. Isis, 104(2), 337-347.
Sá, M. R., & Silva, A. F. C. da. (2010). La Revista Médica de Hamburgo y la Revista Médica Germano-Ibero-Americana: disseminación de la medicina germánica en España y América Latina (1920-1933). Asclepio. Revista de Historia de la Medicina y de la Ciencia, LXII(1), 7-34.
Sarró, R. (1970). La Generación psiquiátrica de Lafora, Sacristán, Sanchís Banús y Mira. I Congrés Internacional D’Història de la Medicina Catalana, Barcelona-Montpellier.
Silva, A. F. C. da. (2011). A trajetória de Henrique da Rocha Lima e as relações Brasil–Alemanha (1901-1956). Tese de doutorado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Souza, I. I. D. (2009). Caminhos que se cruzam: relações históricas entre Brasil e Espanha (1936-1960). Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Timmermann, C. (1996). Concepts of the Human Constitution in Weimar Medicine, 1918-1933. Dissertação de mestrado, Universidade de Manchester, Oxford, Reino Unido.
Venancio, A. T. A., & Cerqueira, E. C. B. (2016). “Os intercâmbios científicos pela Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal (1907-1933): primeiras notas”. In A. Isaia, & N. Priego, N. (Org.). História, Ciência e Medicina no Brasil e América Latina (séculos XIX e XX). Canoas: Editora Unilasalle.
Weinstein, B. B. (2013). Pensando a história fora da nação: a historiografia da América Latina e o viés transnacional. Revista Eletrônica da ANPHLAC, nº 14, 10-31.
Beraldo, R. (2021). O espírito é a expressão do corpo”: holismo médico, constitucionalismo e psiquiatria no Brasil (1920-1940). Tese de doutorado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Campos, R., & De Pablo, Á. G. (Ed.). (2016). Psiquiatría e higiene mental durante el primer franquismo: rupturas y continuidades. Madri: La Catarata.
Cerqueira, E. C. B. (2014). A Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal: debates sobre ciência e assistência psiquiátrica (1907-1933). Dissertação de mestrado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Damousi, J., & Plotkin, M. (2009). The Transnational Unconscious. Essays in the History of Psychoanalysis and Transnationalism. Nova York: Palgrave Macmillan.
Dorella, P. R. (2006). Silvio Julio de Albuquerque Lima: um precursor dos estudos acadêmicos sobre a América Hispânica no Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Geris, Belo Horizonte, Minas Gerais, MG, Brasil.
Hippius, H., Möller, H.-J., Mïller, N. & Neundörfer-Kohl, G. (2008). The University Department of Psychiatry in Munich. Heidelberg: Springer Medizin Verlag.
Kemp, A., & Edler, F. C. (2004). A reforma médica no Brasil e nos Estados Unidos: uma comparação entre duas retóricas. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 11(3), 569-585.
Kendler, K. S., & Engstrom, E. J. (2018). Criticisms of Kraepelin’s Psychiatric Nosology: 1896–1927. American Journal of Psychiatry, 175(4), 316-326.
Kuhn, T. (2000). The road since structure: philosophical essays, 1970-1993. Chicago: The University of Chicago Press.
Lawrence, C., & Weisz, G. (1998). Greater Than Parts: Holism in Biomedicine, 1920-1950. Nova York: Oxford University Press.
Mathias, C. M. (2017). O Pavilhão de Observação na psiquiatria do Distrito Federal: a gestão de Henrique Roxo (1921-1945). Dissertação de mestrado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Mülberger, A. (2014). A primeira campanha de divulgação da psicologia de Emilio Mira y López. In A. M. Jacó-Vilela, & F. T. Portugal (Org). Clio-Psyché: instituições, história, psicologia. Rio de Janeiro: Outras Letras.
Mülberger, A., & Jacó-Vilela, A. M. (2007). Es mejor morir de pie que vivir de rodillas: Emilio Mira y López y la revolución social. Dynamis: Acta Hispanica ad Medicinae Scientiarumque Historiam Illustrandam, vol. 27, 309-332.
Muñoz, P. F. N. de. (2015). À luz do biológico: psiquiatria, neurologia e eugenia nas relações Brasil-Alemanha (1900-1942). Tese de doutorado Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Parajón, L., & Barrio, V. del. (1993). José Miguel Sacristán y la introducción de Kretschmer en España. Revista de Historia de la Psicología, 14(3-4), 213-224.
Patiniotis, M. (2013). Between the Local and the Global: History of Science in the European Periphery Meets Post-Colonial Studies. Centaurus, 55, 361-384.
Pratt, M. L. (1999). Os Olhos do Império. Relatos de viagem e transculturação. Bauru: EDUSC.
Raj, K. (2013). Beyond Postcolonialism… and Postpositivism: Circulation and the Global History of Science. Isis, 104(2), 337-347.
Sá, M. R., & Silva, A. F. C. da. (2010). La Revista Médica de Hamburgo y la Revista Médica Germano-Ibero-Americana: disseminación de la medicina germánica en España y América Latina (1920-1933). Asclepio. Revista de Historia de la Medicina y de la Ciencia, LXII(1), 7-34.
Sarró, R. (1970). La Generación psiquiátrica de Lafora, Sacristán, Sanchís Banús y Mira. I Congrés Internacional D’Història de la Medicina Catalana, Barcelona-Montpellier.
Silva, A. F. C. da. (2011). A trajetória de Henrique da Rocha Lima e as relações Brasil–Alemanha (1901-1956). Tese de doutorado, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Souza, I. I. D. (2009). Caminhos que se cruzam: relações históricas entre Brasil e Espanha (1936-1960). Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Timmermann, C. (1996). Concepts of the Human Constitution in Weimar Medicine, 1918-1933. Dissertação de mestrado, Universidade de Manchester, Oxford, Reino Unido.
Venancio, A. T. A., & Cerqueira, E. C. B. (2016). “Os intercâmbios científicos pela Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal (1907-1933): primeiras notas”. In A. Isaia, & N. Priego, N. (Org.). História, Ciência e Medicina no Brasil e América Latina (séculos XIX e XX). Canoas: Editora Unilasalle.
Weinstein, B. B. (2013). Pensando a história fora da nação: a historiografia da América Latina e o viés transnacional. Revista Eletrônica da ANPHLAC, nº 14, 10-31.
Beraldo, R. (2023). Conhecimento médico em trânsito: um estudo sobre o circuito germano-hispano-brasileiro (1920-1930). Revista De Estudios Brasileños, 10(21), 169–182. https://doi.org/10.14201/reb20231021169182
Downloads
Não há dados estatísticos.
+
−