O rosto na imagem, a imagem sem rosto: pobreza e precariedade no âmbito de fotografias jornalísticas sobre o programa Bolsa-Família
Resumo O objetivo deste texto é refletir acerca da noção de rosto enquanto evidência da vulnerabilidade e vocalização de uma agonia e de uma demanda ética feita pelo outro, implicando-nos em uma relação de responsabilidade. Tal concepção, derivada do pensamento de Emmanuel Lévinas e retomado por Judith Butler, é aqui utilizada como fio condutor da análise de imagens fotojornalísticas referentes ao programa Bolsa-Família. O corpus da pesquisa conta com um total de 120 imagens, coletadas entre os anos de 2003 e 2015, oriundas de jornais de grande circulação nacional, como Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e O Globo. De modo a investigar a dimensão política e ética dessas imagens, elas foram agrupadas em dois eixos principais de significação: a) imagens sem rosto: nelas o rosto não consegue fazer sua aparição ainda que a face humana esteja retratada; b) o rosto na imagem/o rosto da imagem: nelas o rosto se apresenta como um apelo, um chamado que nos é endereçado e nos alerta para a precariedade e vulnerabilidade da vida do outro e da nossa própria vida. Concluímos que, nesses dois conjuntos de imagens, o rosto fala e demanda escuta, ele é uma vocalização do sofrimento, de um lamento e de uma demanda que aproxima a estética da política a partir do modo como as fotografias intervêm na construção de enquadramentos para as relações éticas com a alteridade.
- Referencias
- Cómo citar
- Del mismo autor
- Métricas
Butler, J. (2004). Precarious Life. London: Verso.
Butler, J. (2011). Vida precária. Contemporânea. Revista de Sociologia da UFSCar, 1, 13-33.
Butler, J. (2015). Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Butler, J. (2016). We, the people: thoughts on Freedom of Assembly. In A. Badiou, et al. What is a people? Columbia University Press. https://doi.org/10.7312/badi16876-004
Cabanes, R. & Georges, I. (2014). Gestion de la pauvreté et enterpreneuriat de soi: un nouveau compromis de gouvernement au croisement des politiques sociales et néoliberales? Brésil(s), 6, 7-15. https://doi.org/10.4000/bresils.1237
Fassin, D. (2006). Souffrir par le social, gouverner par l'écoute: une configuration sémantique de l'action publique. Politix, Paris, 19(73), 37-157. https://doi.org/10.3917/pox.073.0137
Fassin, D. (2009). Another politics of life is possible. Theory, culture & society, 26(5), 44-60. https://doi.org/10.1177/0263276409106349
Fassin, D. (2010). Évaluer les vies: essai d'anthropologie biopolitique. Cahiers internationaux de Sociologie, 128(128), 105-115. https://doi.org/10.3917/cis.128.0105
Fassin, D. (2015). At the Heart of the State: the moral world of institutions. Pluto Press. https://doi.org/10.2307/j.ctt183p5tb
Foucault, M. ([1981] 2003). Omnes et singulatim. In M. B. da Motta (ed.). Ditos e Escritos IV, Estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 355-385.
Foucault, M. (1980). Poder de morte e direito sobre a vida. In História da Sexualidade. A vontade de saber (Vol. 1). Rio de Janeiro: Graal, 127-152.
Fraser, N. (1987). Women, Welfare and the Politics of Need Interpretation. Thesis Eleven, 17, 13-27. https://doi.org/10.1177/072551368701700107
Lautier, B., (2012), La diversité des systèmes de protection sociale en Amérique Latine : une proposition de méthode d'analyse des configurations de droits sociaux. Revue de la régulation, 11, 45-59. https://doi.org/10.4000/regulation.9636
Lévinas, E. (1980). Totalidade e infinito. Lisboa: Edições 70.
Lévinas, E. (1999). Alterity and transcendence. New York: Columbia University Press.
Lévinas, E. (2005). Entre nós: ensaios sobre a alteridade. Petrópolis: Vozes.
Lévinas, E. (2007). Ética e infinito. Lisboa: Edições 70.
Lévinas, E. (2011). De outro modo que ser ou para lá da essência (Trad. J. L. Pérez & L. L. Pereira). Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.
Marques, A. (2009). Espaços institucionais e processos de participação cívica de mulheres pobres no contexto do Programa Bolsa-Família. Revista do Observatório do Milênio de Belo Horizonte, 2, 121-137.
Marques, A. (2010). A deliberação a longo prazo no espaço de visibilidade mediada: o Bolsa-Família na mídia impressa e televisiva. Estudos em Jornalismo e Mídia, 7, 273-285. https://doi.org/10.5007/1984-6924.2010v7n2p273
Marques, A. (2013). Três bases estéticas e comunicacionais da política: cenas de dissenso, criação do comum e modos de resistência. Contracampo, 26, 126-145. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i26.298
Marques, A. (2014). Política da imagem, subjetivação e cenas de dissenso. Discursos Fotográficos, 10, 61-86. https://doi.org/10.5433/1984-7939.2014v10n17p61
Rago, M. (2017). Foucault, o neoliberalismo e as insurreições feministas. In M. Rago & S. Gallo (Orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, 363- 374.
Rancière, J. (1995). La Mésentente- politique et philosophie. Paris: Galilée.
Rancière, J. (2004). Aux bords du politique. Paris: Gallimard.
Rancière, J. (2007). Le travail de l'image. Multitudes, 28, 195- 210. https://doi.org/10.3917/mult.028.0195
Rancière, J. (2010a). Ten Thesis on politics. In Dissensus: on politics and aesthetics (Trad. e Ed. Steven Corcoran). Londres: Continuum, 27-43.
Rancière, J. (2010b). The ethical turn of aesthetics and politics. In S. Corcoran (Ed). Dissensus: on politics and aesthetics. Londres: Continuum, 184-202.
Rancière, J. (2011). Aisthesis. Paris: Galilée.
Rancière, J. (2012). O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes.
Tassin, E. (1992). Espace commun ou espace public? L'antagonisme de la communauté et de la publicité. Hermès, 10, 23-37. https://doi.org/10.4267/2042/15351
Butler, J. (2011). Vida precária. Contemporânea. Revista de Sociologia da UFSCar, 1, 13-33.
Butler, J. (2015). Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Butler, J. (2016). We, the people: thoughts on Freedom of Assembly. In A. Badiou, et al. What is a people? Columbia University Press. https://doi.org/10.7312/badi16876-004
Cabanes, R. & Georges, I. (2014). Gestion de la pauvreté et enterpreneuriat de soi: un nouveau compromis de gouvernement au croisement des politiques sociales et néoliberales? Brésil(s), 6, 7-15. https://doi.org/10.4000/bresils.1237
Fassin, D. (2006). Souffrir par le social, gouverner par l'écoute: une configuration sémantique de l'action publique. Politix, Paris, 19(73), 37-157. https://doi.org/10.3917/pox.073.0137
Fassin, D. (2009). Another politics of life is possible. Theory, culture & society, 26(5), 44-60. https://doi.org/10.1177/0263276409106349
Fassin, D. (2010). Évaluer les vies: essai d'anthropologie biopolitique. Cahiers internationaux de Sociologie, 128(128), 105-115. https://doi.org/10.3917/cis.128.0105
Fassin, D. (2015). At the Heart of the State: the moral world of institutions. Pluto Press. https://doi.org/10.2307/j.ctt183p5tb
Foucault, M. ([1981] 2003). Omnes et singulatim. In M. B. da Motta (ed.). Ditos e Escritos IV, Estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 355-385.
Foucault, M. (1980). Poder de morte e direito sobre a vida. In História da Sexualidade. A vontade de saber (Vol. 1). Rio de Janeiro: Graal, 127-152.
Fraser, N. (1987). Women, Welfare and the Politics of Need Interpretation. Thesis Eleven, 17, 13-27. https://doi.org/10.1177/072551368701700107
Lautier, B., (2012), La diversité des systèmes de protection sociale en Amérique Latine : une proposition de méthode d'analyse des configurations de droits sociaux. Revue de la régulation, 11, 45-59. https://doi.org/10.4000/regulation.9636
Lévinas, E. (1980). Totalidade e infinito. Lisboa: Edições 70.
Lévinas, E. (1999). Alterity and transcendence. New York: Columbia University Press.
Lévinas, E. (2005). Entre nós: ensaios sobre a alteridade. Petrópolis: Vozes.
Lévinas, E. (2007). Ética e infinito. Lisboa: Edições 70.
Lévinas, E. (2011). De outro modo que ser ou para lá da essência (Trad. J. L. Pérez & L. L. Pereira). Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.
Marques, A. (2009). Espaços institucionais e processos de participação cívica de mulheres pobres no contexto do Programa Bolsa-Família. Revista do Observatório do Milênio de Belo Horizonte, 2, 121-137.
Marques, A. (2010). A deliberação a longo prazo no espaço de visibilidade mediada: o Bolsa-Família na mídia impressa e televisiva. Estudos em Jornalismo e Mídia, 7, 273-285. https://doi.org/10.5007/1984-6924.2010v7n2p273
Marques, A. (2013). Três bases estéticas e comunicacionais da política: cenas de dissenso, criação do comum e modos de resistência. Contracampo, 26, 126-145. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i26.298
Marques, A. (2014). Política da imagem, subjetivação e cenas de dissenso. Discursos Fotográficos, 10, 61-86. https://doi.org/10.5433/1984-7939.2014v10n17p61
Rago, M. (2017). Foucault, o neoliberalismo e as insurreições feministas. In M. Rago & S. Gallo (Orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, 363- 374.
Rancière, J. (1995). La Mésentente- politique et philosophie. Paris: Galilée.
Rancière, J. (2004). Aux bords du politique. Paris: Gallimard.
Rancière, J. (2007). Le travail de l'image. Multitudes, 28, 195- 210. https://doi.org/10.3917/mult.028.0195
Rancière, J. (2010a). Ten Thesis on politics. In Dissensus: on politics and aesthetics (Trad. e Ed. Steven Corcoran). Londres: Continuum, 27-43.
Rancière, J. (2010b). The ethical turn of aesthetics and politics. In S. Corcoran (Ed). Dissensus: on politics and aesthetics. Londres: Continuum, 184-202.
Rancière, J. (2011). Aisthesis. Paris: Galilée.
Rancière, J. (2012). O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes.
Tassin, E. (1992). Espace commun ou espace public? L'antagonisme de la communauté et de la publicité. Hermès, 10, 23-37. https://doi.org/10.4267/2042/15351
Salgueiro Marques, A. C. S. (2018). O rosto na imagem, a imagem sem rosto: pobreza e precariedade no âmbito de fotografias jornalísticas sobre o programa Bolsa-Família. Revista De Estudios Brasileños, 5(9), 77–91. https://doi.org/10.14201/reb2018597791
Downloads
Não há dados estatísticos.
+
−