Da crise de governabilidade à crise de legitimidade: os impactos da crise política sobre a política externa brasileira

  • Fabiana De Oliveira
    Universidade de São Paulo fabianaoliveira[at]usp.br
  • Charles Pennaforte
    Universidade Federal de Pelotas
  • Marcos Antônio Fávaro Martins
    Universidade Paulista

Resumo

Ao longo do governo de Dilma Rousseff, a política externa brasileira herdou muitos elementos da política implementada no período anterior, mas, ainda assim, terminou por perder dinamismo e proatividade, convertendo-se em uma política reativa. O declínio não foi maior devido à presença que o Ministério de Relações Exteriores (MRE) possuía nos espaços multilaterais regionais e globais, mantendo a observância de princípios e interesses caros à diplomacia brasileira. Michel Temer assumiu o poder prometendo a retomada do crescimento econômico e a desideologização da política externa, em meio à repercussão negativa que as contestações quanto à legalidade do processo de impeachment que havia destituído Dilma Rousseff, e as inúmeras acusações de corrupção que lhe pairavam sobre a cabeça haviam produzido. Com a política externa “altiva e ativa” ficando cada vez mais no passado, o Brasil passou a sofrer com significativa perda de relevância no plano internacional, assim como com o surgimento de dissidências dentro do próprio MRE.
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Biografia do Autor

Fabiana De Oliveira

,
Universidade de São Paulo
Doutoranda em Ciência da Integração pelo programa de pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM) da USP.

Charles Pennaforte

,
Universidade Federal de Pelotas
Doutor em Relações Internacionais pela Universidad Nacional de La Plata (Argentina). Pós-doutor em Integração da América Latina PROLAM/USP. Professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de Pelotas (UFP, Brasil).

Marcos Antônio Fávaro Martins

,
Universidade Paulista
Doutor em Ciência da Integração pelo programa de pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM) da USP. Professor titular da Universidade Paulista (UNIP, Brasil).
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