Narratividade, testemunhos etnográficos e hermenêutica na obra de Carmelo Lisón
Resumo De forma expressa e reiterada, Carmelo Lisón reforça a centralidade da palavra y da escuta ne investigação antropológica. Neste terreno, sua atenção abrange desde a indagação hermenêutica dos campos semânticos das «palavras-chaves» aos relatos locais ao redor das aporias existenciais. No entanto, o discurso de suas monografias galegas destaca que em sua ocupação etnográfica a via visual também torna-se decisiva para o registro dos episódios e, neles, para a cuidada criação de sua narrativa textual. Esta pinça técnica que articula o escutado e o observado está de acordo com o método sócio hermenêutico característico da antropologia lisoniana, orientada a compreensão e interpretação tentativa dos universos simbólicos de significados e valores culturais, incluídos seus aspectos mais recônditos e inefáveis –o que é vincula através do relato local–, porém sempre ancorando a exegese numa densa contextualização, sobre a rocha sólida da análise sócio estrutural e ecológica das condições reais de existência dos coletivos humanos –o que assim mesmo implica desenvolver uma metódica perspectiva observadora–. Na elaboração de suas monografias, Lisón convoca uma abundância etnográfico de fragmentos testemunhais no estilo direto que atua como inicial hipotexto, cuja polifonia enriquece notavelmente o hipertexto; sua narrativa escrita de antropólogo-autor. Este é um dos recursos do investigador que mais solida veracidade conferem a ficção monográfica, ao informá-la com a experiência local verbalizada. Se consegue consolidar assim, com eficácia inigualada, um gênero propriamente antropológico.
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