Arte Kadiwéu: processos de produção, significação e resignificação

Resumo

Este texto apresenta os resultados de minha tese de doutoramento que abordou a arte indígena kadiwéu desde o prisma da antropologia da arte. O principal foco de análise foi a cerâmica e sua decoração gráfica. Os grafismos foram analisados observando o jogo de simetria e ritmo no repertório iconográfico. Este jogo de espelhamento simétrico pode estar relacionado compares de oposição sobre os quais a sociedade kadiwéu está organizada: senhores versus cativos, kadiwéu versus não kadiwéu, natureza versus humano, mundo dos vivos versus mundo dos mortos. Para subsidiar a análise foi necessário recorrer aos teóricos da semiótica, somando a esta a ideia de agência. As peças, quando submetidas a diferentes contextos, recebem novas camadas de significação. Os contextos analisados foram: na aldeia, nas lojas de artesanato, nos espaços de consumo desta arte, em museus e universidades. A arte kadiwéu apresenta persistências importantes no modo de produção, mas também alterações que são resultantes da adaptaçãoa demandas de mercado. Peças menores são mais produzidas por venderem mais, especialmente ao turista, que precisa levar em conta o fator portabilidade. Também há acréscimos nas formas: antes jarros e pratos eram dominantes, hoje aparecem em equidade com as peças zoomorfas.
  • Referencias
  • Cómo citar
  • Del mismo autor
  • Métricas
AGUIRRE, J. ([1793]1898). Etnografia del Chaco-1793. Boletín del Instituto Geográfico Argentino, Buenos Aires, vol. 19.

ALMEIDA SERRA, R. F. ([1797]1865). Da descrição geographica da provincia de Matto Grosso feita em 1797, por Ricardo Franco de Almeida Serra, sargento mor de Engenharia. Revista Trimestral de História e Geographia do Instituto Historico e Geographico Brasileiro. Rio de Janeiro, tomo sexto, p. 156-196.

BOGGIANI, G. ([1894]1975). Os Caduveos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia.

BOSSI, B. (1863). Viage pintoresco por los ríos Paraná, Paraguay, San Lorenzo, Cuyabá y el Arino tributario del grande Amazonas: con la descripción de la provincia de Mato Grosso bajo su aspecto físico, geográfico, mineralojico y sus

producciones naturales. Paris: Librería Parisiense Dupray de la Mahérie (acesso via Biblioteca Digital Hispanica: www.http://bdh.bne.es/ em 05 de janeiro de 2017).

DE ANGELIS, P. (1835). Colección de obras y documentos relativos a la Historia Antigua y Moderna de las provincias del Río de La Plata. Tomo Primero. Buenos Aires: Imprenta del Estado, Apéndice A, p. 226-228.

FERREIRA, A. R. ([1791]2005). Viagem ao Brasil. Brasil: Academia Brasileira de Ciências e FINEP.

GEERTZ, C. ([1988]2009). Obras e Vidas-Antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.

HERBERTS, A. L. (1998). Os Mbayá-Guaicurú: área, assentamento, subsistência e cultura material. Dissertação de Mestrado. São Leopoldo: Unisinos.

LECZNIESKI, L. K. (2005). Estranhos laços: predação e cuidado entre os Kadiwéu. Tese de Doutoramento apresentada ao Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina.

LÉVI-STRAUSS, C. ([1958]2008). Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify.

MARCUS, G. E. & CLIFFORD, J. (1985). «The making of ethnographic texts: A preliminar report.» Current Anthropology, 26(2), 267-271. - https://doi.org/10.1086/203255

METRAUX, A. (1946). «The marginal tribes». In: Julian H. Steward, Handbook of South American Indians, Vol1: The marginal tribes. Washington: Smithsonian Institution, pp. 197-370. (acesso via Internet Archive Digital Library: http://archive.org/ em 08 de janeiro de 2017).

OBERG, K. (1949). The Terena and the Caduveo of Southern Mato Grosso. Brazil. Institute of Social Anthropology, Publication N. 9. Smithsonian Institution. Washington: United States Government Printing Office.

PECHINCHA, M. T. S. (1994). Histórias de admirar: mito, rito e história kadiwéu. Dissertação de Mestrado em Antropologia, Universidade de Brasília.

PRADO, F. R. ([1795]2006). História dos Índios Cavaleiros ou da Nação Guaicuru [1795]. Campo Grande: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

RIBEIRO, D. (2004). Os índios e a civilização. A integração das populações indígenas no Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras.

RIVASSEAU, E. ([1936]1941). A vida dos índios Guaycurús. Quinze dias nas suas aldeias (Sul de Mato Grosso). São Paulo: Companhia Editora Nacional.

SANCHEZ-LABRADOR, J. ([1760]1910). El Paraguay Católico. 2 v. Buenos Aires: Imprenta de Coni Hermanos (acesso via Biblioteca Digital Hispanica: www.http://bdh.bne.es/ em 05 de janeiro de 2017).

SIQUEIRA JUNIOR, J. G. (1993a). Esse campo custou o sangue dos nossos avós - a construção do tempo e espaço Kadiwéu. Dissertação de Mestrado. Departamento de Antropologia Social, USP. São Paulo.

SILVA, G. J. (2004). A construção física, social e simbólica da reserva indígena Kadiwéu (1899-1984): memória, identidade e história. Dissertação de Mestrado. Dourados: UFMS

SUSNIK, B. (1998). Tendencias Psicosociales y Verbomentales Guaycuru - Maskoy - Zamuco. Asunción: Museo Etnográfico Andrés Barbero.

VINHA, M. (2004). Corpo-sugeito Kadiwéu: jogo e esporte. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP.
Maria Müller, A. (2019). Arte Kadiwéu: processos de produção, significação e resignificação. Revista Euroamericana De Antropología, (8), 37–45. https://doi.org/10.14201/rea201983745

Downloads

Não há dados estatísticos.
+