O aluno como um todo e seus aprendizados: notas etnográficas a partir da educação de jovens e adultos

Resumo

O presente artigo trata da noção de aluno como uma totalidade que se inscreve: material, subjetiva e corporalmente nos processos de escolarização, gerando efeitos nos modos de aprender de cada sujeito. De certa maneira, a categoria de aluno serve para pensar a produção de um sujeito da aprendizagem a partir das normativas escolares. O contexto de problematização do texto recorre aos dados recolhidos por meio de uma etnografia feita com os discentes da Educação de Jovens e Adultos do Colégio de Aplicação, vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Portanto, utiliza-se da observação participante e do diário de campo como principais dispositivos metodológicos para indagar a noção de aluno em sua dimensão prática. Em especial, visa-se tensionar as diferentes formas em que a ideia de aluno se presentifica na vivência da experiência escolar. O termo aluno, então, passa a ser considerado como um conceito abstrato e plástico que opera na construção e transformação das subjetividades desde instituição escolar. De maneira, que a noção de aluno tem diferentes delineamentos a partir de diferentes suportes, físicos ou simbólicos, práticos ou conceituais. Mas, que produzem modos de se reconhecer e vivenciar as experiências escolares, constituir vínculos e habitar a escola. Portanto, a ideia-aluno se constitui em distintos campos de prática no interior da escola e por esse ângulo elabora uma reflexão potente sobre a condição de estudante e de suas distintas formas de subjetivação. Depreende-se, por fim, que a dimensão de aluno, em suas justaposições de camadas conceituais e práticas, serve ao propósito de situar e contornar as alteridades representadas e sintetizadas pelos discentes.
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